O jardineiro solitário, mas não muito por viver
sempre em meio a natureza, flores de todas as espécies, de todas as cores. Normalmente seu
tempo é curto, sendo que todo o dia para evitar que suas flores morram de
solidão tem que lhes fazer companhia aguando, podando e cuidando de cada uma
sem esquecer-se do carinho e a eterna dedicação que normalmente faz parte do
seu dia-a-dia. Todos os dias a poetisa passa e de longe sem que o jardineiro
perceba, observa o cuidado e carinho que dedica suas preciosas flores, meio
envergonhada aproxima-se do jardim, o jardineiro nem percebe sua presença e seu
perfume tão marcante quanto o perfume das flores, a poetisa chega mais perto e
com uma voz suave se dirige ao jardineiro;
-Dê-me um ramalhete do seu jardim? Diz a poetisa.
O
jardineiro com um sorriso sem graça responde;
-Não
posso, se lhe um ramalhete do meu jardim terá que levar meu coração junto.
A poetisa então abaixa a cabeça e vai embora
decepcionada.
Ela se entristece porque sabe que jamais terá o
coração do jardineiro.
Enquanto esta em seu leito ela pensa, pensa e tem
uma grande ideia.
Amanhã me levantarei mais cedo e passarei pelo
jardim, pedirei novamente um ramalhete e se ele recusara me dar, lhe farei uma
promessa, um pacto se precisa para conseguir meu intento.
De longe o jardineiro percebe que aquela poetisa vai
em direção a seu belo jardim e com um olhar de desprezo a olha de alto a baixo
em alguns segundos. A poetisa se aproxima e pede;
-dê-me um ramalhete do seu jardim? Prometo que lhe
farei o méis lindo poema que você jamais em toda sua vida.
-Não posso! Responde o jardineiro, só se levar meu
coração.
-Então dê- me seu coração! Responde a poetisa
Para levar meu coração terás que se libertar destas
correntes que te prendem.
Tristonha ela
responde;
-Não posso! Já me acostumei a elas e não sei como me
livrar destas correntes que me prendem há tanto tempo.
Então não terás seu tão precioso ramalhete.
A poetisa se afasta e quando esta bem longe dos
olhos do jardineiro, ela chora, e com um lenço branco vai colhendo aos poucos
suas lágrimas que caem constantemente.
A noite chega e ela não consegue dormir. Virando de
um lado a outro da cama que lhe parece ainda maior a cada dia. Novamente ela
pensa;
Amanhã farei mais uma tentativa.
Na manhã seguinte, já sem esperança de conseguir o
que tanto deseja, mais uma vez insiste;
-Dê-me um ramalhete do seu jardim?
-Não posso, já disse que só se levar meu coração.
-Só posso levar seu coração se em libertar das
correntes que me prendem, mas posso te dar minhas lágrimas para que regue seu
jardim.
-Esta louca! Grita o jardineiro nervoso com a
insistência, suas lágrimas são salgadas e mataria todo meu jardim, mas ela
ainda cheia de esperança contesta;
-Adoce-as com seus beijos de mel.
Mesmo assim, não posso aceitar sua generosa oferta
nem posso te dar o que me pede com tanta instancia.
Dias e dias se passam sem que a poetisa apareça. O
jardineiro continua sua lida do dia-a-dia quando numa tarde fria e triste, eis
que no meio do seu jardim encontra a poetisa quase sem vida em seus últimos
suspiros pede que o jardineiro chegue mais perto para que lhe fale ao ouvido e
diz baixinho;
-Ô jardineiro, dê-me um ramalhete do seu jardim para
que eu possa voltar a viver?
Quase chorando o jardineiro responde;
-Eu já disse, não posso, a menos que leve meu
coração em forma de sentimentos.
Então a
poetisa da o seu ultimo suspiro e desfalece, seu corpo parece estar todo
acorrentado, o jardineiro triste pega suas mãos e beija, não podendo conter
suas lágrimas que jorram em cima do corpo inerte da poetisa, as correntes
prendiam seu corpo vão se desfazendo lentamente, seus pés se transformam em
raízes, transformando-a em uma linda arvore, cheia de ramalhetes de flores de
todas as cores, e assim a poetisa consegue o seu tão esperado ramalhete o
coração do jardineiro, e o jardineiro consegue a mais bela arvore florida em
seu precioso jardim
Passaram-se três anos e durante este
tempo o jardineiro foi deixando aos poucos de regar a sua árvore poetisa e com
a falta de água ela foi murchando e suas folha secando e caído, os belos
ramalhetes já não mais existiam e a tristeza foi tomando conta de seus galhos.
Um belo dia o jardineiro percebeu que
sua árvore poetisa estava morrendo e descobriu que a amava muito. Correndo. Foi
ao joalheiro mais próximo e comprou um anel de noivado e ao chegar colocou-o em
um dos galhos da árvore poetisa. Ao colocá-lo imediatamente começa a cair uma
chuva fina apenas sobre aquele lugar mágico e aos poucos a árvore vai se
transformando em mulher novamente, eles se abraçam e se beijam loucamente e depois
do beijo ele diz:
-Espere que tenho algo pra você!
E assim colhe em seu jardim as mais
belas flores e entrega a poetisa que sorri e lhe retribui com carícias e
beijos. De mãos dadas caminham tranqüilos e felizes entre flores.
Contato: tinapoeta13@hotmail.com
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